A doença de Crohn é uma doença autoimune, cuja principal manifestação é a diarreia crônica. O seu diagnóstico pode ser confundido com a retocolite ulcerativa, que também é uma doença autoimune que atinge o intestino. Ambas as doenças também são conhecidas como doença inflamatória intestinal.
Para entender melhor o que é a Doença de Crohn, como diagnosticar e qual o tratamento, continue a leitura.
O que é Doença de Crohn?
A Doença de Crohn é uma inflamação crônica que pode acometer todo o trato digestivo, da boca ao ânus, afetando principalmente a parte inferior do intestino delgado (íleo terminal) e o intestino grosso. É uma doença que pode causar inflamação também em outras partes do corpo, como olhos, articulações, pele e fígado.
Trata-se de uma doença crônica, sem causa definida e, possivelmente, provocada por uma desregulação do sistema imunológico. Esse processo inflamatório é extremamente invasivo e compromete todas as camadas da parede intestinal: mucosa, submucosa, muscular e serosa. Diferentemente da retocolite ulcerativa, a doença de Crohn normalmente apresenta o que chamamos de padrão salteado de lesões, ou seja, no intestino de um indivíduo com essa doença, encontramos partes saudáveis em meio a partes doentes.
Doença de Crohn: causas
A causa exata da Doença de Crohn não é definida, mas existem alguns fatores de risco que podem provocar essa doença, como a desregulação do sistema imunológico, fatores genéticos, ambientais, dietéticos ou infecciosos.
A Doença de Crohn se manifesta igualmente em homens e mulheres e, em grande parte dos casos, em parentes próximos. A incidência acaba sendo maior entre os 20 e 40 anos e nos fumantes. A doença de Crohn é um fator de risco para o câncer no intestino.
Doença de Crohn: sintomas
Os primeiros sintomas da Doença de Crohn podem levar algum tempo para aparecer, porque depende da extensão da inflamação. Algumas pessoas que têm a doença podem apresentar um ou mais sintomas que podem ser confundidos com outros problemas gastrointestinais.
Além disso, os sintomas da doença normalmente aparecem nos períodos de “crise”, e, depois, tendem a desaparecer ou ficar mais brandos, até que aconteça uma nova crise.
Doença de Crohn: diagnóstico
Como diagnosticar a Doença de Crohn? Normalmente, os médicos avaliam o histórico do paciente, realizam o exame físico e diversos testes laboratoriais, exames como colonoscopia com biopsia e de imagem (enterotomografia ou enteroressonância).
Infelizmente, ainda é uma doença que demora muito a ser diagnosticada, seja por demora na procura por assistência médica pelo paciente, seja por falta de experiência do médico com essa doença autoimune, já que ela pode ser erroneamente diagnosticada como intolerância alimentar.
Possíveis complicações causada pela Doença de Crohn
É uma doença que pode causar complicações no intestino ou em outras partes do corpo, como na pele ou nas articulações. Outras possíveis complicações são:
- Estreitamento do intestino;
- Rompimento do intestino;
- Fístula, que é a formação de uma comunicação entre estruturas do corpo onde não deveria existir, a exemplo da fístula retovaginal, onde há uma comunicação direta entre o reto e a vagina;
- Fissura anal;
- Desnutrição;
- Inflamação nas pernas e mãos com aparecimento de caroços sob a pele (eritema nodoso) ou mesmo de lesões (feridas) ulceradas dolorosas (pioderma gangrenoso).
Doença de Crohn: tratamento
O tratamento para essa doença é feito de acordo com a fase que se encontra e sua evolução, podendo ser classificada como leve, moderada e grave.
Como não há cura para doença de Crohn, o objetivo principal do tratamento é o controle da doença, tanto do ponto de vista de sintomas (melhorando a qualidade de vida dos pacientes), quanto do ponto de vista endoscópico, ou seja, com cicatrização das lesões no intestino (comprovada com a realização de uma nova colonoscopia após alguns meses do início do tratamento), com isso diminuindo a chance de complicações como estreitamento do intestino (suboclusão ou oclusão intestinal), infecções e câncer.
Conheça as opções de tratamento para o controle da Doença de Crohn:
Uso de medicamentos
Os medicamentos devem ser indicados pelo médico que está acompanhando e tratando do paciente, sempre com o objetivo de obter o controle de sintomas e cicatrização das lesões no intestino.
Na fase aguda da doença, podemos iniciar, de forma temporária, o uso de corticoide, associado a imunossupressores e/ou medicamentos biológicos (imunobiológicos).
Uma vez obtida melhora dos sintomas, normalmente entre 15 a 30 dias do início da terapia, é realizada a retirada gradual do corticoide, com a manutenção de medicações que são seguras para uso crônico, como a exemplo dos imunossupressores e medicamentos biológicos.
Alimentação adequada
Como é uma inflamação crônica do intestino, a Doença de Crohn pode prejudicar a digestão e a absorção dos alimentos e nutrientes, levando a quadros de anemia e desnutrição.
Restrições alimentares são indicadas em casos selecionados, na dependência da fase da doença (se em atividade ou remissão). Por isso, é importante seguir uma alimentação balanceada, com redução da ingesta de produtos ultraprocessados, sempre indicada e acompanhada por um nutrólogo ou nutricionista.
Cirurgia
A cirurgia, cada vez menos utilizada, pode ser indicada pelo médico caso o tratamento com medicamentos não seja capaz de controlar a doença ou caso existam complicações como o estreitamento fixo do intestino (que impeça ou dificulte a passagem das fezes).
Doença de Crohn tem cura?
Ainda não se conhece a cura para a Doença de Crohn, mas há quase 3 décadas dispomos de medicamentos que controlam bem essa doença. Podem ocorrer períodos de remissão espontânea da doença (mais raramente), mas isso não significa que a patologia foi curada. O ideal é manter um acompanhamento regular com um gastroenterologista e proctologista, que são especialistas que tratam, em conjunto, essa doença.
Recomendações para pessoas com Doença de Crohn
A maioria dos pacientes que tem a doença, quando entra em remissão, consegue levar uma vida praticamente normal, mas existem medidas que podem ser tomadas que ajudam a prevenir as possíveis crises:
- Não fume;
- Pratique atividade física;
- Reduza a ingestão de alimentos gordurosos e utlraprocessados;
- Evite alimentos que te fazem mal;
- Verifique o aspecto das fezes sempre que utilizar o vaso sanitário (lembre-se que a diarreia crônica faz parte dos sintomas de Crohn);
- Controle o peso.
Doença inflamatória intestinal
Como pudemos ver no início do texto, os processos inflamatórios podem atingir qualquer parte do organismo de uma pessoa e em muitos casos, apresentam semelhanças entre si pelas suas manifestações e sintomas, o que pode provocar confusão no diagnóstico.
As doenças inflamatórias intestinais (DII) são exemplos disso, como a doença de Crohn e retocolite ulcerativa.
O que difere as duas doenças é o local em que as inflamações se manifestam. A doença de Crohn pode afetar todo o trato gastrointestinal, já a retocolite ulcerativa se limita ao intestino grosso. Mas ambas as doenças podem apresentar manifestações fora do intestino, como nos olhos, articulações, pele e fígado.
Uma outra diferença importante entre as duas doenças é que a de Crohn afeta todas as camadas do intestino, para além da mucosa, ao contrário da retocolite ulcerativa.
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